sábado, 9 de março de 2019

Porque escolhi fazer a graduação em Licenciatura em Belas Artes na Guignard


Sempre gostei de ensinar. Sempre gostei de transmitir conhecimento.
Sempre gostei de aprender. Mas tudo que aprendia, eu ensinava logo em seguida para alguém. E era quando ensinava que eu mais aprendia. É quando explico alguma coisa para alguém, que realmente me aproprio do assunto e o amadureço em mim.

Lembro de mim aos 7 anos, no recreio do colégio “dando aula de ballet” para minhas colegas. Não sei se elas estavam gostando, ou se se sentiam obrigadas ou coagidas por mim de alguma forma pela minha tirania infantil, ou se elas estavam ali por gosto. Mas eu? Eu amava estar ali ensinando. Apesar de ser apenas uma brincadeira no recreio, para mim não era brincadeira.
Nas minhas brincadeiras do meu mundo de “filhice única”, entre outros assuntos, também era professora das minhas bonecas, no caso, minhas alunas.

Comecei a estudar ballet clássico mesmo aos 6 anos, porque eu quis. Eu pedi. E na dança estou até hoje. Estudei a vida toda no Centro Mineiro de Danças Clássicas e estudei também no Centro Pro Danza de Cuba (1996) e na Palucca Schule Tanz Dresden (1996 a 1998), na Alemanha.

Quanto aos colégios? Com 9 meses fui colocada no berçário do Jardim Azul do Colégio Imaculada, mas em anos seguintes havia uma professora que nos colocava de castigo, era muito brava, então minha mãe me levou para o Instituto da Criança. Depois fui para O Colibri, onde fiquei do 1º Período à 4ª série. Tenho lindas lembranças de lá. Para fazer da 5ª série em diante fui estudar no Colégio Marista Dom Silvério. Mas o 3º ano fiz no Colégio Método, pois eu queria me dedicar à dança e o Dom Silvério exigia tempo demais. Me formei no 3º ano em 1995 e fui para Cuba estudar ballet clássico em janeiro de 1996!

Em outubro de 2.000 eu tinha 23 anos e estava entre as dez finalistas em uma audição para entrar no Grupo Corpo. Foi quando rompi o ligamento cruzado anterior do joelho direito. Tive que parar tudo. Não fiz cirurgia, tratei com muita fisioterapia. Foi um momento difícil de reconfiguração da vida. Pensei em parar de dançar. Comecei a dar aulas de dança como voluntária no Centro de Acolhida Betânia. Foi minha primeira experiência dando aulas e aprendi muito. Fiquei um ano e meio ali.
Em seguida comecei a dar aulas em escolas de dança e coreografar e desde então não parei mais. Em 2.002 eu já estava de volta aos palcos.

Dei aulas de ballet clássico para crianças, jovens e adultos. Mas já faz alguns anos que não dou mais aulas de ballet. Trabalho com dança contemporânea e também com os workshops que desenvolvi ao longo dos anos: Dança Contemporânea e Improvisação, Arte-Integrada, Dança da Alma e Mulheres que Dançam como Lobas.

Sei que ainda tenho muito a aprender e consequentemente a ensinar. Também desenvolvo laboratórios de criação. E amo fazer preparação de elenco para espetáculos. Eu sinto um prazer imenso ao ver o desenvolvimento de um artista, ou o entendimento sobre a arte de uma pessoa que não é artista. Já dei workshops no Brasil inteiro, principalmente quando fiz a turnée com a Cia Mário Nascimento através do Palco Giratório do SESC, em 2012. Ali eu comecei a entender o que é o Brasil profundo. Ali eu comecei a vislumbrar a grandeza do nosso país e a carência na cultura e na educação. Ali eu senti a sede de conhecimento das pessoas do país. E vi que o SESC estava sim, cobrindo uma lacuna que era função do governo.
Durante essa turnée dei oficinas para todos os tipos de pessoas, em todos os cantos do Brasil. Gente de todas as idades, artistas, não-artistas, estudantes, curiosos, apreciadores... e fui obrigada a me comunicar. E precisei me interessar por cada um. Precisei descobrir uma forma para que essas pessoas apreendessem algo nas minhas oficinas. E isso me motivava também! Eu aprendi muito sobre diversidade. E sobre o quanto todas as pessoas precisam de arte, de dança, teatro, de música, de contato uns com os outros, de reflexões.

Desde bem pequena gostava muito de pintar e desenhar. Sempre fui apaixonada por cores. Aos 22 anos comecei a pintar com frequência e a pintura veio para mim como uma espécie de catarse, para equilibrar as emoções, mas também como uma maneira de criação. A cada quadro pronto eu suspirava aliviada. É isso. Eu sentia alívio depois de pintar. Muitas vezes eu nem queria pintar, mas vinha uma necessidade do corpo, do coração, da alma, e eu pintava compulsivamente e muito rápido, até poder sentir o alívio.
Em períodos que escrevo mais, curiosamente não pinto, e vice-versa. Na verdade, já tem alguns anos que escrevo bastante e deixei a pintura meio de lado. Também andei coreografando muito. Parece que ou faço uma coisa, ou faço outra.

Em 2006 machuquei o joelho direito pela segunda vez. Eu dançava no Balé da Cidade de São Paulo na ocasião. Pedi demissão e quis voltar para Belo Horizonte. Fiz a cirurgia e levei dois anos para me recuperar e mesmo assim, não voltei a ser como antes. Durante esses dois anos tentando me recuperar, fui ficando extremamente deprimida. Sonhava que dançava todas as noites. Comecei a pensar que não conseguiria mais voltar a dançar. Por isso fui fazer o curso livre de pintura com a Patrícia Leite, na Guignard. Também fiz vestibular na UFMG para a graduação em Teatro. E foi quando conheci o Odin Teatret, dirigido por Eugênio Barba e comecei a estudar com eles, participando de seus workshops.

Bem, a vida seguiu e felizmente em agosto de 2008 eu estava estreando um trabalho com a Cia Mário Nascimento, chamado Faladores, que fez muito sucesso. Para este trabalho comecei a estudar canto, pois ele requeria uma habilidade para emitir sons vocálicos que eu precisava desenvolver. Acabei estudando 7 anos de canto com a professora Bárbara Penido, o que muito me acrescentou artisticamente. Abandonei o curso da UFMG, devido às turnées e compromissos com a Cia MN.
Mário Nascimento teve fundamental importância na minha recuperação e juntos desenvolvemos uma nova forma para que eu pudesse me expressar através da dança. Ele me ajudou a descobrir novos caminhos e possibilidades com meu corpo. Foi quando comecei a agregar à dança, o teatro físico e a voz como instrumento do corpo. Foi quando comecei a desenvolver o curso de Arte-Integrada. Nada nasce do nada. Cada fato da vida nos conduz ao próximo fato, à próxima escolha. Nós vamos nos construindo, destruindo, reconstruindo, caindo, levantando, nos redesenhando, nos recolorindo, nos reconfigurando.

Em 2014 fiz o curso de desenho de observação com a professora Letícia, também na Guignard (acho que foi minha “Mulher Selvagem” que me conduziu para isso). Também em 2014 fui para o Odin Teatret, em Holstebro, Dinamarca, fazer uma imersão para que a atriz Roberta Carreri me dirigisse em meu novo solo “A Mulher que Cuspiu a Maçã”. Eu já havia feito workshops com eles algumas vezes, mas dessa vez tive um contato mais profundo, como Mestra (Roberta) e discípula (eu). Isso me impactou muito. Além disso, observei como cada ator e atriz do Odin Teatret criou uma metodologia de ensino mas com uma filosofia de ensino em comum. Sem dúvida que isso para mim se tornou inspiração e um modelo a ser seguido. O trabalho com o Odin e mais especificamente com a Roberta Carreri me transformou e deu alicerces para a minha vida.


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Há alguns anos tenho como meta do ano fazer o vestibular para a Guignard, mas eu desistia, deixava para lá.
Final de 2018 decidi fazer. Meu marido me incentivou bastante. Acho que ele percebia que só faltava um empurrãozinho.

Parando para analisar minha trajetória até aqui, agora com 41 anos de idade, optei por fazer Licenciatura. Poderei me qualificar mais para ensinar. Vou aprender mais sobre a arte de ensinar. Além disso, caso surja alguma situação onde seja exigida alguma comprovação formal a respeito da minha capacitação para ensinar, eu terei esta formalidade concluída. E o curso ainda oferece todas as possibilidades do bacharelado, posso escolher matérias e ateliês que mais me interessem.

Acredito que o conhecimento que vou adquirir aqui será um casamento perfeito com a bagagem que trago da dança, do teatro e da música. Vejo a Arte como uma coisa só. Uma grande energia que se expressa de várias formas através de nós, artistas. Quanto mais nos qualificamos, adquirimos técnicas, conhecimento, mais podemos nos abrir para servir à Arte. Para servirmos através da Arte. A Arte em si. E à arte de ensinar Arte.

Rosa Antuña

8 de março, Dia Internacional da Mulher - 2019

foto: Makely Ka

A Imagem do Livro, a Mulher-Menina-Maravilha e o Carrossel


A Imagem do Livro

Eu ganhei um livro sobre a metodologia e técnica da Royal Ballet School.

Me identificava muito com a bailarina da capa. Na verdade, ela era muito parecida comigo mesmo!

Eu vi o livro pela primeira vez em uma aula da Maria Clara Salles, minha professora de ballet. Fiquei encantada. Era exatamente o que eu queria ser.

Aquela imagem da menina foi uma referência para mim durante boa parte da minha infância.













A Foto da Mulher-Menina-Maravilha

Escolhi esta foto, pois desde que foi tirada que gosto muito dela.
E em 1.981 eu já estava vestida como uma  super-heroína e não como princesa, muito antes das discussões sobre o lugar da mulher na sociedade. Acho isso forte e simbólico. E já mostra um pulso natural por autonomia e coragem. Uma vontade mais de salvar do que ser salva.
Não que eu tenha conseguido manter isso ao longo da vida.
Na verdade, acho que perdi o fio em algum momento, mas depois o recuperei.

E agora estou na fase de “matar monstros” e “cortar algumas cabeças”, para seguir a vida.










O Carrossel

Ganhei o carrossel ainda criança.
Foi numa viagem que fiz com meus pais, quando eu tinha 7 anos. Compramos o carrossel na Espanha, na França, não me lembro. Só sei que para mim era a coisa mais maravilhosa do mundo. Eu era muito encantada com ele!
Eu ficava muito tempo olhando-o enquanto ele girava lentamente com seus quatro cavalinhos e  tocava “O Lago dos Cisnes”, de Tchaikovsky.

Mas o que eu não tinha consciência era sobre as cores dele e o impacto que elas teriam em mim.

Os anos se passaram e o carrossel foi parar no alto do armário. Cresci. Me mudei. E no meu apartamento novo mandei pintar cada cômodo de uma cor. Verde limão, rosa pink, amarelo, azul, roxo... tudo da minha cabeça e meu pai criticando, dizendo que eu ia me enjoar de tanta cor. (moro em meu apartamento há 10 anos e não me enjoei, acho maravilhoso! Por mim eu coloria o mundo todo assim!)

Um belo dia me lembro do pequeno carrossel. Sinto saudade. Vou até a casa dos meus pais. Procuro. O encontro no alto de um armário. Pego. Olho bem para ele. E a minha surpresa foi constatar que pintei meu apartamento com as cores do carrossel!

Não preciso dizer mais nada.




8 de março, Dia Internacional da Mulher - 2019


Fundamentos do Ensino da Arte e Laboratório de Licenciatura

Arte Indígena no Brasil

No dia em que tivemos como tema uma aula sobre arte-indígena, um colega sugeriu que víssemos este filme documentário.
Foi lançado em 19 de abril de 2014, dirigido por Vincent Carelli.

CORUMBIARA

Em 1985, ocorreu um massacre indígena na Gleba Corumbiara, no sul de Rondônia. Tragédia essa que teria sido causada pelos fazendeiros de gado da região que não queria que as terras fossem demarcadas pela Funai, algo que impediria a exploração comercial delas. De tão bárbaro que foi, o fato ganhou fama de "fantasia" e caiu no esquecimento. Mas a partir do resto das evidências, e buscando pelos sobreviventes, o diretor Vincent Carelli passou 20 anos para entender essa história, além de abrir espaço para uma 
autocrítica das estratégias indígenas.

  http://www.adorocinema.com/filmes/filme-190669/

quinta-feira, 7 de março de 2019

Arte Pré-Histórica

História da Arte no Brasil

Caverna de Chauvet, na França - os desenhos têm uma sofisticação impressionte!



sobre os Sambaquis, no Sul do Brasil

Primeiros desenhos de objeto

2ª aula:

- Começamos observando um vaso por 5 minutos. Então o vaso foi retirado e tivemos mais 5 minutos para desenhá-lo de memória. Depois o vaso foi trazido novamente e o corrigimos.
- Uma garrafa de vidro. Lapis 3H (mais duro). Não ficar presa nos contornos desta vez. Depois que estiver pronto, passar uma segunda camada com lápis HB (mais macio).

Desenho de objeto
27 de fevereiro de 2019
Professora Fabíola



3ª aula - 13/03

Preenchendo com linhas - lápis H

luz e sombra - lápis H e HB

Para mim, particularmente, o exercício de observação do objeto "limpa" meu olhar. 
E enquanto desenho pensamentos passam pela mente. E nessa aula o pensamento que passou e ficou foi: 
"Qual é a linha que me separa do que não sou eu?"


Um pouco sobre Guignard

Guignard Auto-retrato


Abaixo, um vídeo sobre Guignard:


processos expressivos

Sementes de Girassol


Sementes de Girassol – Ai Wei Wei

Escolhi esta obra pois tive a oportunidade de vê-la pessoalmente por duas vezes na exposição em São Paulo, na Oca Ibirapuera.
É um trabalho que me impressionou muito, a começar pela beleza, grandeza e plasticidade.
São 357m² de sementes de girassol de porcelana, feitas uma a uma, pintadas à mão, num processo que levou dois anos! A mão de obra (cerca de 1.600 pessoas) foi em sua maioria, constituída por mulheres artesãs.
O trabalho foi feito em Jingdezhen, uma cidade no norte da província de Jiangxi, na China. A região é historicamente famosa por sua produção de porcelana imperial.

Em 2010, a obra foi exposta no Turbine Hall da Tate Modern, com mais de 100 milhões de sementes. Em São Paulo, a exposição da Oca contou com aproximadamente 37 milhões de sementes, sendo a maior instalação já exibida na América Latina.

foto: Tauã Miranda